VOTAÇÃO DO CONCURSO DE CONTOS "No banco do Posto 6"

Apresentamos o conto "No banco do Posto 6", da autora Luísa Avanci Laval (adulto).

Leia aqui o conto na íntegra. Para votar, é só curtí-lo No banco do Posto 6 no Facebook
(infelizmente curtidas em páginas compartilhadas não poderão ser contabilizadas)

No banco do Posto 6
Lá está Roberto, sentado, conversando com seu melhor amigo, como de costume. Desde 2002, ele visita o amigo todos os dias, faça chuva, faça sol, terremoto ou enchente, exatamente às 9 em ponto, pois sabe que gosta muito de sua companhia, mas não pode pessoalmente encontrá-lo: perdeu a capacidade de andar. Portanto, Roberto sempre desce no ponto de ônibus do Posto 6, vestindo seu terno de executivo, e vai ao encontro do colega para contar-lhe as novidades do mundo, boas e ruins, e também umas linhas que volta e meia escreve para pedir conselho fazê-lo passar uns momentos agradáveis.


            Hoje não é diferente, e Roberto senta-se ao lado de seu amigo para debater os assuntos do dia: corrupção, violência e poesia, tudo ao mesmo tempo!
            - Sabe, a política no Brasil está cada vez pior! Não se salva um político naquela Brasília! A gente vê cada coisa nos jornais!
            Silêncio como resposta. Roberto o interpretou como um gesto de afirmação pensativa. Já está acostumado: o amigo nunca foi de falar muito, prefere ficar na dele.
            - Tenho saudade dos velhos tempos, em que podíamos sentar aqui e contemplar este mar sem medo da violência, de ladrão, de drogado, de polícia! Lembra como era, né?
            Outra vez silêncio.
            - Cara, eu sei que já falei isso, mas vou repetir: sempre te admirei por saber escutar as pessoas e refletir. O mundo precisa disso! Hoje em dia o povo só quer saber de teclar no celular, acompanhar tudo ao vivo, tirar foto do prato de comida...
            Enquanto Roberto desabafa com o amigo, algumas pessoas param para observar a dupla, e alguns não conseguem se conter e começam a gravar o diálogo.
            - Viu, só? Nem a gente tem privacidade para bater um papo bom de amigo! Pelo menos, deve estar interessante, já que tanta gente grava isso!
            Já se passaram 15 minutos. Roberto tem que ir para o trabalho e não pode se atrasar. Levantando-se e se dirigindo para a parada novamente, ele se despede:
            - Falou, Carlinhos! Até amanhã! Se cuida, hein? Não vai perder seus óculos de novo! Até!
            Roberto vai embora, sorridente após a conversa boa que teve com o amigo. Mal pode esperar para encontrá-lo novamente e contar as boas de seu trabalho.
            Agora que o diálogo terminou, as pessoas que observavam a cena também vão embora, continuando suas vidas normais e rotineiras e, lógico, quem gravou já mandou o vídeo de Roberto e Carlinhos para todos os seus grupos de amigos.
            Mais uma vez, Carlos está só. A única companhia que lhe resta agora é a frase que está escrita ao seu lado: “No mar estava escrita uma cidade”.

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