VOTAÇÃO DO CONCURSO DE CONTOS "Presente de Natal"
Apresentamos o conto "Presente de Natal" da autora Ana Prado (adulta)
Leia aqui o conto na íntegra. Para votar, é só curtí-lo Presente de Natal no Facebook
(infelizmente curtidas em páginas compartilhadas não poderão ser contabilizadas)
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Presente de Natal
Os últimos quinze dias daquele ano de 2015 no Rio de
Janeiro tiveram um sabor diferente em relação aos anos anteriores. Como sempre
os preparativos para o jantar do 24 e 31 dezembro foram a vedete, mas a compra
dos presentinhos também teve seu espaço, mesmo não sendo muito adepta do
consumismo desta época, respeito o momento e me divirto na aventura de escolher
coisas simples para presentear alguns amigos e familiares.
Desculpa pela
afirmação que vou fazer agora, mas não gosto dos produtos chineses ou coreanos,
tenho uma certa implicância com tudo o que eles vendem, primeiro porque
normalmente são produtos descartáveis, eles não primam pela qualidade, segundo
porque cada centavo que gastamos com eles deixamos de investir em um artesão brasileiro.
Sempre que posso compro presentinhos em feira de artesanato, mas este ano me
aventurei na compra de um produto chinês, tanto por causa do preço como pela
praticidade do objeto, um porta cartão de crédito. Pode parecer uma coisa
careta, mas os chineses são muito inventivos nas estampas, e este foi o motivo
que me atraiu. A diversidade de desenhos são enormes, listra de onça, zebra,
pata de cachorro, flores, borboletas, símbolos psicodélicos entre outros.
Tamanha era a variedade que pude comprar um de cada modelo.
Não se pode deixar de lembrar que dezembro é o mês em
que começa o verão, oficialmente, mas muito tempo antes a atmosfera da cidade
já anuncia o que vem pela frente. Temperaturas abaixo de 35 graus é quase
impossível de se encontrar, salvo quando algumas frentes frias que de vez em
quando aparecem e baixa o termomêtro entorno dos 30 graus.
Toda a atividade natalina acontece embaixo de um sol
escaldante, o sol brilha no céu até tarde. Apesar do calor, as decorações
natalinas das lojas e prédios seguem a tradição que veio do frio, neve feita de
algodão pode ser vista à distância por toda a cidade. A inventividade é tanta
que este ano foi montado em um grande condomínio na Barra da Tijuca, em frente
a praia, uma decoração enorme do papai noel sentado no trenó puxado por duas
renas, sobre o portão de entrada principal do prédio. O que mais chamou a atenção foi a monumentalidade da
homenagem, a escultura era exageradamente grande. Pensei imediatamente que
diante daquela praia com o calor escaldante, naquele vai e vem de férias e
aquela multidão de biquini e sunga, que papai noel iria se distrair do seu rumo
na distribuição de presentes.
Por um instante ri muito, e lembrei que uma querida
amiga e artista que mora na Noruega havia enviado pelo correio um presente de
natal, que deveria ter chegado antes das
festividades. Imediatamente meu pensamento se voltou para o coitado do
papai noel e para aquelas renas que não estavam acostumados ao calor carioca, e
não pude deixar de imaginar a possibilidade de que, o lugar de onde vieram era
muito longe e ao chegar em terras sul americanas precisavam se refrescar,
fugindo do destino traçado naquele gps da modernidade, que já sinalizava que
por aqui não iria encontrar neve.
Então deduzi que a causa por não ter recebido meu
presente que vinha do frio, foi realmente aquele cenário praiano, no alto verão
em que o papai noel e suas renas não tiveram condição de descer a chaminé, até
porque chaminé nesta cidade só se for para churrasco, e as renas desconfiadas se
desviaram do seu rumo, sabendo muito bem qual seria o destino delas traçado por
aqui.
Triste e decepcionada, os meses se passaram e nada do
presente chegar. De vez em quando pedia aos céus para que nevasse, até que em
abril de 2016, mesmo sem neve, quando a temperatura se tornou mais agradável,
papai noel e suas renas desceram a chaminé e trouxeram o meu lindo presente. Um
calendário com desenhos e pinturas exclusivos para cada mês, criados por esta
artista que um dia me visitou.