OSC, Negócio Social ou Negócio de Impacto? Qual a diferença?
Atualmente
a inovação, em todos os segmentos, possui ciclos muito menores do que anos
atrás. Neste cenário, vão surgindo novos conceitos que precisam ser conhecidos
para que as próprias organizações possam fazer ajustes nas suas estratégias e
conseguirem inovar rapidamente.
No
cenário social, do chamado terceiro setor, a evolução, embora muito mais lenta
do que em outros setores, também vem ocorrendo.
Antigamente existiam as ONGs que faziam atividades puramente assistencialistas,
lideradas por pessoas que queriam ajudar quem mais precisava. As atividades não
mudavam uma realidade, mas aliviavam uma necessidade emergente. Uma das características
destes projetos era a doação de diversos itens, como alimentos, roupas, material
de higiene.
A
evolução e profissionalização do terceiro setor levaram as organizações a
oferecem atividades de capacitação, para que os próprios beneficiários
pudessem ter acesso à informação e estarem mais preparados para conseguirem mudar
uma determinada realidade. Estas ações eram, e ainda são, financiadas apenas
por doações, tanto de pessoas físicas, quanto de pessoas jurídicas.
A partir
de um determinado momento as doações começaram a ficar menores e o número de
organizações aumentou muito (são mais de 300 mil no Brasil). Com isso, iniciou-se
um movimento de geração de renda em busca da autosustentabilidade. Este movimento
é importante, mas nem todas as temáticas trabalhadas são tão fáceis de gerar
renda. Em muitos casos, as organizações precisam e vão continuar precisando de
doações.
Neste caminho de inovação, o prêmio Nobel Muhammad Yunus cria o
conceito de Negócio Social. A partir deste momento, o termo negócio social
começou a ser amplamente utilizado e também tendo o seu conceito inicial desvirtuado.
Chegou um momento em que tudo que é desenvolvido para as classes C, D e E é
negócio social.
Diante desta confusão é importante entender bem as diferenças
entre os conceitos para que possam ser utilizados da melhor forma.
Os negócios de impacto social são empreendimentos que combinam
retorno financeiro com geração de impacto social, através da comercialização de
produtos e serviços. Os negócios sociais têm a única missão de solucionar um
problema social. Conhecer a capacidade de geração de impacto de um negócio é o
aspecto determinante para construir sua identidade.
No
caso do Brasil, como não existe uma figura jurídica para negócios sociais, o
que é determinante para classificar é a missão da organização e o impacto
social que gera.
Quando
consideramos uma organização de impacto, podemos dividir em 3 opções:
1
– Organizações da Sociedade Civil que além de desenvolverem atividades sociais
também possuem atividades de geração de renda com impacto social. Neste caso
podem receber doações e também ter ações para a autosustentabilidade. As OSCs podem
ter lucro, mas não podem distribuir dividendos.
2
- Negócios Sociais que são regularizados juridicamente como empresas, seus
produtos e serviços geram impacto social relevante e visam lucros. Neste caso
os lucros são reinvestidos inteiramente no negócio e seus sócios não recebem
dividendos, mas o investidor consegue retorno sobre o valor investido. Este foi
o conceito criado pelo Yunus.
3
– Negócios de Impacto que também são regularizados juridicamente como empresas
e visam lucros, mas distribuem lucros para seus investidores.
As
empresas que desenvolvem produtos específicos para as classes C, D e E, se não
forem gerar impacto social direto e não tiverem a questão social na sua missão,
não são negócios de impacto. São empresas tradicionais, puramente comerciais,
que estão explorando um mercado em crescimento das classes mais baixas.
Estes
conceitos ainda estão em processo de amadurecimento e ajustes, podendo ser
criadas novas teorias e novas formas jurídicas que venham a esclarecer ainda mais.
O
importante é ter claro que a criação de negócios de impacto é fundamental para
o desenvolvimento social. Atualmente os recursos oriundos da filantropia não
são suficientes. No caso dos negócios de impacto, os atores envolvidos
conseguem retornos financeiros, ampliando o investimento social e
consequentemente resolvendo as questões sociais em larga escala.
Por Andréa Gomides