OBJETIVOS E RESULTADOS - Chaves para gerar impacto social
OKR: O QUE SÃO ESSAS TRÊS LETRAS?
OKR é uma poderosa metodologia para
definir e acompanhar metas que vem crescendo em adoção por empresas e
organizações de diversos perfis – das gigantes tecnológicas às de setores mais
consolidados. Pelo seu alcance, podemos dizer que é uma forma de decidir
objetivos, de escolher como mensurar seus resultados e de criar a mentalidade
de acompanhá-los, atualizando as metas continuamente – tudo ao mesmo tempo!
Se você pensa em gerar mais impacto a
partir do pleno funcionamento das atividades e em tornar o processo de criação
e acompanhamento de metas mais dinâmico, esse guia OKR chegou para ajudar a sua
organização. Essa é uma metodologia que pode mudar a vida da sua equipe – e não
é difícil de começar a implementação! Vamos às explicações?
O & KR: O QUE CADA LETRA SIGNIFICA
OKR é uma sigla em inglês que
significa Objetivos e Resultados-Chave. A metodologia tem esse nome porque
esses são os principais conceitos, sobre os quais sua implementação é
construída.
Primeiro, define-se os principais objetivos que estão ligados à estratégia da
organização e alinhados ao impacto que você deseja causar na sociedade (ou já
causa!). Na sequência, seleciona-se um conjunto de 2 a 5 métricas que vão
mensurar o progresso. Cada conjunto desses é formado pelos resultados-chave, e é o que mostrará se cada
objetivo foi atingido e o quanto dele se alcançou.
OBJETIVO: Deve estabelecer um ponto no futuro claro para
onde todos caminharão. É uma descrição qualitativa, inspiracional e
motivacional, do que a organização planeja alcançar. Em outras palavras,
funciona como um ponto em um mapa que indica onde se quer chegar: é o destino
que toda a sua equipe deseja.
RESULTADOS-CHAVE: É o conjunto de métricas que compõem o objetivo,
cujo valor final de cada uma é um “resultado chave”. Sua formulação deve conter
os valores tanto do início quanto da meta final que mostrarão, de forma
objetiva e quantitativa, como estamos em relação ao objetivo. Isso significa
que ao alcançar as metas dos resultados-chave, você também alcançará o objetivo
em questão. A separação entre valor de início e de meta final é importante
porque o uso de porcentagem deve ser evitado. O recomendado é transformar a variação
percentual em números absolutos: ao invés de “A evasão deve ficar abaixo dos
30%”, é melhor utilizar “Dos 150 alunos iniciais, a evasão deve ser menor que
45 alunos”. Outro exemplo é melhorar um número anterior: se a evasão do ano
passado foi 45, mas queremos obter um resultado superior, um resultado-chave
possível é “Reduzir a evasão de 45 crianças para 40, dentre os 150 alunos
iniciais”. Esse pequeno truque ajuda a deixar o contexto mais claro e a manter
o histórico de decisão explícito para qualquer um que tenha acesso aos OKRs.
Os resultados não devem incluir
atividades para atingi-lo, mas sim uma forma de medir o sucesso das inciativas
empregadas. Em outras palavras, resultados-chave não devem incluir descrições
sobre o que será feito para progredir rumo ao objetivo, mas sim valores e
métricas que digam onde se está a cada momento. Estamos próximos, já
alcançamos, ainda estamos distantes? Cada resultado-chave é um ponto GPS
falando a distância que se está para alcançar o objetivo. Mas o ponto GPS não
faz nada sozinho: mais adiante, falaremos sobre a importância de checar esse
ponto GPS para se saber onde está!
Se você está acostumado a pensar
mais em atividades do que em valores, o primeiro momento em que você constrói o
OKR pode ser confuso. Uma forma de auxiliar a transformar sua lista de
atividades em resultados-chave baseados em métricas é pensar em como você
saberia que essa atividade foi implementada, ou mantida, com sucesso. Quais
números mostrariam para você e para a equipe envolvida que essa atividade
funcionou? Esses números devem virar as metas de cada resultado-chave!
IMPLEMENTANDO O OKR
Por mais que tenha parecido uma
metodologia difícil de implementar, ou apenas para grandes empresas que já
sejam mais estruturadas, não é bem assim. O Google, que é a gigante tecnológica
que mais advoga atualmente a favor do OKR, implementou a metodologia quando
ainda mal tinha um ano de idade - não passava de uma startup promissora! Ainda
assim, o OKR foi um dos motivos responsáveis por ajudar no crescimento contínuo
da empresa, tendo sido flexível o suficiente para se manter até hoje.
E como toda jornada transformadora
começa com o primeiro passo, não pense em começar pelo impossível. Você pode
ter metas ambiciosas para implementar o OKR, em diversas equipes, mas comece com
OKRs estratégicos.
1. Comece focando nos pontos mais importantes da estratégia.
2. Depois
de escrever os objetivos, é hora de definir os resultados-chave para cada um
deles, conforme descritos na seção anterior.
3. Um
terceiro passo, que ajuda a desenvolver os resultados-chave da forma correta, é
de desenvolver uma lista de iniciativas necessárias para atingir cada um deles.
Iniciativas são descrições de como chegar ao objetivo: tarefas rotineiras e
projetos diversos para alcançar as metas estabelecidas em cada resultado-chave.
Em outras palavras, são as ações que faremos para garantir a implementação da
atividade final planejada. E é claro: devem ser mudadas caso não haja melhora
nos números correntes. Ao isolar as iniciativas, fica mais fácil deixar os
resultados-chave responsáveis somente por medir o progresso - e não por
descrever como o processo ocorrerá.
4. Posteriormente,
tão importante quanto desenvolver cada um dos pilares do OKR, é definir o
prazo para atingir os objetivos. Isto
é, decidir quando todos os responsáveis vão se reunir novamente para avaliar se
as metas foram alcançadas. O ideal é que esse prazo leve em consideração tanto
o ciclo das atividades quanto a capacidade que a equipe vai ter de se reunir e
checar. Para começar a implementação, recomenda-se o ciclo anual.
Isso é importante para que tanto o
objetivo quanto os resultados-chave sejam mais “pés no chão”, além de ajudar a
implementar a cultura de acompanhamento. Deixando o prazo muito longo, por mais
estratégicos que sejam os objetivos, corre-se o risco de o acompanhamento
perder força e deixar de ser feito antes de chegar ao final do primeiro ciclo.
Deixando muito curto, corre-se o risco de não alcançarmos o objetivo!
5. Sabendo
que o prazo máximo é deu um ano, por exemplo, é hora de definir a frequência do
acompanhamento das métricas escolhidas. Mais uma vez, o ideal é que se
faça tão frequentemente o quanto possível. Se for impossível, faça mensalmente.
O importante é que seja o mais constante possível, sem atrapalhar as atividades
da equipe. Esse ponto também ajuda na criação de uma cultura onde todos usam as
iniciativas a favor do objetivo principal. Como estaremos constantemente
avaliando o que funciona ou não, sempre com base em dados e acontecimentos, as
atividades menos eficientes poderão ser descartadas por motivos que ficam mais
claros para todo mundo. Além disso, apenas as atividades que realmente agregam
valor continuarão sendo feitas.
6. Por
fim, depois de definir é importante escolher o responsável pelo acompanhamento. Não é à toa
que dizem que cachorro sem dono morre de fome... então não deixe o objetivo sem
um responsável! Essa pessoa não vai ter que se virar sozinha para calcular tudo
sozinho, atropelando outras atividades. Seu papel será garantir que a equipe se
reúna para acompanhar o andamento e atualizar o local onde esses objetivos
ficarão dispostos de forma transparente. O acompanhamento de cada
resultado-chave específico pode ser feito individualmente, por pessoas diferentes,
que apresentarão o status na reunião semanal.
7. Depois de decidir os objetivos,
os resultados-chave, as iniciativas e como será o fluxo que vai manter a
atualização do OKR de forma constante, com cadência e responsáveis, é hora de
voltar ao trabalho, até que chega o momento da primeira reunião de acompanhamento
(reunião de checagem, reunião de atualização ou como preferir chamar). Esse encontro deve ser simples e direto:
muitas organizações mantem o tempo de meia hora ou até menos, fazendo a reunião
em pé para estimular que a duração seja tão curta quanto possível.
De forma mais geral e direta, é
importante entender se estamos no caminho de alcançar nosso objetivo. Caso não,
qual resultado-chave atrapalhou mais? Dentro desse resultado-chave, qual ou
quais iniciativas não estão funcionando? Depois de entender o ponto que está
travando o avanço do objetivo, não saiam dessa reunião sem ao menos uma
proposição de melhora!
De forma mais específica, primeiro
há um momento de alinhamento de status, onde os dados atualizados são
compartilhados para que todos entendam a situação de cada resultado-chave. Com
base nos dados atuais, é importante certificar que todos estejam no mesmo barco
em relação ao objetivo final: será que todos confiam na capacidade de alcançar
cada um dos resultados-chave? Neste momento, de alinhamento de expectativas, é importante ter uma escala
simples para facilitar o andamento da reunião e o entendimento do grupo: usar
apenas palavras como “bom”, “ok” e “ruim”; cores como verde, amarelo e
vermelho; ou ainda emojis que simbolizem o estado de cada ponto da escala. Caso
o consenso seja positivo, é hora de celebrar o fim da reunião! Caso contrário,
é hora de aprofundar o entendimento: entender o que está retardando o avanço da
equipe e pensar em iniciativas pra melhorar os resultados. Essa é uma reunião
propositiva, e pode ser também motivacional, então não saiam dela sem um plano
para retomar a confiança de se alcançar cada objetivo.
Depois, volta-se a vida real novamente. Voltamos a dirigir na estrada, rumo
ao objetivo final!
CONSEGUI IMPLEMENTAR... E AGORA?
OKRs TÁTICOS!
Antes de mais nada, parabéns por completar o primeiro
ciclo! Se você conseguiu definir um objetivo central, os resultados-chave que
mensuram o atingimento, escolheu as iniciativas que te ajudaram a alcançar o
objetivo ao final do período e ainda fez as reuniões de acompanhamento, palmas
para todos os envolvidos ;)
Depois das palmas, é um bom momento
para refletir: se a metodologia ajudou a atingir essa primeira meta, por que
não expandir a implementação? Outra pergunta que pode ser feita é: se
conseguimos atingir o objetivo, será que podemos ser um pouco mais otimistas no
segundo ciclo? A resposta para as duas perguntas é: siga em frente! Mas
planejando um passo de cada vez, para que a implementação seja estruturada.
No caso específico de desenvolver
OKRs para diferentes equipes, elas devem ser criadas em acordo com os
objetivos da organização. À medida que a implementação da metodologia se afasta
do nível estratégico e se aproxima mais da execução, os OKRs se tornam táticos: cada time ou equipe passa a ter seus próprios
objetivos e o prazo do ciclo pode ser menor de um ano.
CONCLUSÃO
O OKR pode te ajudar a organizar o
dia a dia da sua organização. Pode ajudar a expandir as atividades, a tornar
claras as atividades mais relevantes para o atingimento dos objetivos e do
impacto social – o que facilita até na hora de explicar para o financiador como
que sua organização transforma suor em impacto social. Pode te ajudar a
alcançar mais objetivos e a voar mais alto.
E isso tudo pode acontecer de forma
incremental: primeiro com apenas um conjunto de objetivos estratégicos no nível
organizacional, e depois expandindo para as diferentes equipes da organização,
chegando ao nível tático. A cada ciclo, um nível da organização se estrutura em
relação a um conjunto de objetivos para que no ciclo seguinte seja possível
expandir a utilização da metodologia. Isso mitiga o risco de gastar muita
energia na implementação e desfocar das demais atividades, bem como permite que
uma área aprenda o que outras vão implementar no futuro. Isso aumenta o
potencial de aprendizado versus erro.
Mas tudo o que foi descrito agora
depende de entender essas orientações e implementá-las passo a passo. Nesse
sentido, espero que esse texto tenha ajudado o seu projeto ou organização a
gerar mais impacto ou a fazê-lo de forma mais estruturada. Além disso, temos
uma planilha fácil de usar que auxilia na implementação e acompanhamento dos
objetivos e resultados-chave.
Se precisar de algum apoio extra, procure um parceiro que
auxilie na implementação. O Instituto Ekloos acelera iniciativas de impacto
social, sendo negócios de impacto ou organizações sem fins lucrativos e abrimos
editais ao longo do ano para auxiliar mais pessoas que querem mudar o mundo
para melhor.